O pré

O passo seguinte foi morarmos juntos, após 3 anos de namoro, e ver como funcionaríamos sob o mesmo teto – melhor pirar no Brasil, perto dos nossos terapeutas amados do que no outro lado do mundo. Começamos a procurar um apartamento de 2 ou 3 quartos para alugar. Chegamos a visitar alguns, mas ou eram caros demais ou muito mal conservados. Nesse meio tempo recebemos um e-mail da Joana, nossa amiga e terapeuta que tem uma preciosa lista de distribuição, sobre alguns móveis que estavam à venda. Como precisaríamos comprar vários itens como sofá, mesa, cadeiras, entramos em contato com a proprietária dos móveis e marcamos uma visita. Depois pensamos bem e decidimos não ir, afinal nem sabíamos onde iríamos morar, ou seja, ainda não tínhamos as dimensões dos espaços onde colocaríamos os móveis. Liguei para a Wilmenia para desmarcar e ela me disse que também estava alugando a casa, localizada a 12km de Brasília. Eu agradeci e disse a ela que dentro de um ano nos mudaríamos para a Austrália e que queríamos ficar o mais perto possível dos nossos amigos. No dia seguinte, uma sexta-feira, ela me liga insistindo para que víssemos a casa, pois era excelente e seria anunciada no próximo domingo. Fomos no sábado. E ficamos simplesmente impressionados com a beleza da casa – desenhada pela simpaticíssima Wilmenia, com o bom gosto dos móveis, com a perfumada árvore de jasmim do quintal, com a piscina, com a vista do mirante no terceiro andar. Andávamos pela casa admirando tudo, boquiabertos, mas certos de que jamais moraríamos ali, pois era uma casa enorme, o aluguel devia ser bem além do que podíamos pagar e além disso precisaríamos comprar muitos móveis para que a casa não parecesse uma casa fantasma. Agradecemos à Wilmenia, reafirmamos que dentro de um ano sairíamos do Brasil e que precisávamos economizar. Saímos de lá e fomos almoçar na casa da mãe do Diego. Após o almoço, enquanto folheávamos o jornal em busca de apartamentos para aluguel, a Wilmenia nos liga com uma proposta irrecusável: alugaríamos aquela casa de 4 quartos, com todos aqueles lindos móveis dentro e pelo preço que pagaríamos por um apartamento de 2 quartos!! Não acreditamos. Desliguei o telefone, chorando de emoção. Diego também ficou muito emocionado e juntos agradecemos ao Universo por essas sincronicidades, pela coisa certa acontecendo na hora certa.

O ano que vivemos lá foi maravilhoso e fundamental para polirmos anda mais nossos diamantes internos, ganharmos ainda mais consciência e crescermos enquanto indivíduos e consequentemente como casal. Fizemos animadas festas, almoços, jantares, curtimos nossos amigos, celebramos nossa felicidade, e agradecemos cada minuto vivido ao Universo. Recebemos o pai do Diego e meu irmão, os quais moram em Recife e Belo Horizonte respectivamente, e foram momentos maravilhosos! Tivemos a felicidade de ter uma ajudante fenomenal, a Clara (mesmo nome da minha mãe), que também foi um presente do Universo, fruto de uma outra sincronicidade sobre a qual contarei em outro momento. Como meu contrato no Monumenta venceria em julho de 2009, marcamos nossa ida para a Austrália para início de setembro, pois teríamos um mês para organizar tudo e partir. Em meados de junho, ao final de uma reunião, o Robson, Coordenador Nacional Adjunto do Programa Monumenta, me convidou para continuar na equipe até fim de novembro. Eu agradeci mas recusei, pois nossos planos já estavam traçados. Nesse mesmo dia no caminho para casa, Diego me pergunta o que eu achava de adiarmos nossa ida para dezembro! Sincronicidade. Quando contei a ele sobre o convite que eu tinha recebido, ficamos surpresos com a perfeição de tudo – aliás, ficamos sempre surpresos e encantados com esses presentes do Espírito, do Universo, de Deus, não importa o nome que damos a essa fonte de energia criativa,  de luz, consciência, amor. E agradecemos. No dia seguinte aceitei o convite, feliz da vida! Como o contrato de aluguel da casa venceria em setembro e iríamos sair de Brasília apenas em dezembro, precisaríamos de um lugar para ficar. Começamos a ficar atentos. Mas nem precisou de muito esforço, pois como num passe de mágica, a Ju (mais uma Ju?!),  inquilina do apartamento do Diego, decidiu rescindir o contrato antes do previsto pois estava de mudança para a Inglaterra! Viva!!! No dia em que ela desocupou o apartamento, fomos lá matar saudades. A Ju havia deixado interessantes postais pendurados no painel de fotos, dentre eles alguns com menção a meditação e esoterismo (que amo), e um com um macaco, signo chinês do Diego, segurando um painel com a letra K! Tudo bem, não vou dizer que ficamos surpreendidos, encantados e agradecidos, pois já estou ficando repetitiva.

Bem, esses últimos 3 meses antes da nossa partida em 23 de dezembro, foram de muita correria, tensão aguardando o visto que demorou quase uma eternidade, e despedidas. Despedir é estranho, principalmente quando se está indo para tão longe. Enquanto a pessoa ainda está ao seu lado, conversando, rindo, compartilhando amor, tenta-se curtir o momento e esquecer que daqui a pouco ela não estará mais ao seu lado. Abraçar pela última vez, sabendo que vai levar um bom tempo até que possamos novamente nos tocar, ver o brilho no olhar, sentir o cheiro, ouvir a voz, o riso, por vezes o choro, é quase cruel. Me emociono agora escrevendo essas palavras e me lembrando dessa sensação sentida tantas vezes nos dias que antecederam nossa partida. Mesmo sabendo que estamos todos ligados energeticamente, e que basta fechar os olhos e pensar na pessoa para senti-la ao seu lado, há a saudade da presença física. Despedir do meu irmão foi foda. Chorei convulsivamente de dentro do ônibus que me levaria até o Aeroporto de Confins, olhando para ele sem parar, sem querer acreditar que era verdade, até perdê-lo de vista. Despedir da minha avó também foi cruel. Entrei e saí do carro em Governador Valadares e voltei para abraçá-la algumas vezes. Despedir da minha mãe foi difícil, foi triste, mas também foi bonito, nutridor, pois ela me escreveu uma carta linda, onde declara seu amor e me pede perdão pois sabe que me fez sofrer. Foi a primeira vez que ouvi isso dela. Chorei muito, sentindo um misto de tristeza, saudade, alívio e paz. Foi um momento inesquecível. No mesmo fim-de-semana em que fui pra Minas despedir dos meus, Diego estava no Rio despedindo do seu irmão mais velho e do pai, a quem ele tanto ama e que nos deu um suporte fundamental no nosso processo de obtenção do visto, o qual jamais esquecerei e que tornou nosso sonho possível.  Usando palavras do Diego, a ficha da saudade imensa que ele sentiria do pai apenas caiu quando ele já estava a bordo do avião voltando para Brasília. Como Diego não pôde despedir pessoalmente dos meus e eu não pude despedir do pai dele, fizemos um video-mensagem para tentar suprir um pouquinho essa lacuna. O video foi gravado pelo Gustavo, nosso amigo, e a Vevê também estava lá no dia. Filmamos no apartamento do Diego.

Na véspera da nossa viagem a mãe do Diego, Vilma, que para mim é um misto de sogra, mãe e amiga, fez um jantar na casa dela, cuja atmosfera era de tentar curtir os “últimos momentos”.

 

Vilma e seus dois lindos filhotes 🙂

 

Posando pra uma série de não sei quantas fotos…

 

 

 

A despedida no aeroporto em Brasília foi também inexplicável de dolorida. Parecia um sonho, como se houvesse um véu permeando tudo. Despedir da amada Vilma, do meu queridíssimo cunhadinho Igor, e da minha pra sempre amiga Tati foi esquisito. Para o Diego então acho que foi pior (se é que existe uma sensação pior do que aquela que senti), pois ele ama incomensuravelmente a mãe e o irmão mais velho.

Tentando curtir os últimos minutos…

 

Passados esses momentos inexprimíveis através de palavras, aos poucos fomos preenchidos pela sensação de vitória, de sonho realizado, de desejo acalentado, suado, ansiado. A satisfação por termos conseguido chegar até ali, até o início da nossa nova vida na Austrália, nos tomou e ficamos meio que bestas, exibindo sorrisos patetas de pura felicidade. E nos parabenizamos, nos abraçamos e choramos de felicidade!


4 Comments

  1. Rita

    fields, admiro a coragem dos que se vão fisicamente, ficando longe da família, antes mesmo de morrer. admiro mais ainda por ser o fato a demonstração da realização do sonho pessoal, o sonho de si mesmo, que acaba não dependendo dos outros. eu sou medrosa de ficar longe dos meus irmãos, sobrinhos, da família do marcelo. o meu sonho de vida sempre os inclui, mas fisicamente. sem eles eu não levaria a vida da forma que desejo. seria incompleto. a família, pra mim, é uma necessidade – repito, física. não consigo morar nem no rio de janeiro!!! rsrsrsr…. fico pensando na festinha de aniversário do miguel sem a presença da laurinha, do dudu, do isaias. sou dependente: confirmo! rsrsrssr… e repito: admiro sua coragem!

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  2. Nina

    obrigada minha amiga, eu também estou me achando bem corajosa. mas você também é uma mulher muito corajosa e nós duas sabemos disso. somos duas mulheres de fibra e corações enoooormes!

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  3. Girlane

    Ká e Diego, parabéns pela coragem.. é muita coragem, sou como a rita que comentou anteriormente… não consigo me ver sem almoçar ao menos uma vez por semana na casa dos meus pais… eu já achava muita coragem da kaká vir de bh para bsa!!! e agora, está do outro lado do planeta! estou acompanhando! beijos!

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  4. Nina

    brigada gi!! <3

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