Confiança, respeito e cuidado

Começamos a nos movimentar em direção ao processo de visto permanente. Diego será o aplicante principal já que a profissão dele está na Critical Skills List do Departamento de Imigração da Austrália (o que  confere prioridade no processamento) e é mais novo que eu (o que confere mais pontos  para atingimento do mínimo necessário para a aplicação). Eu entrarei no mesmo processo como companheira dele. Ele já marcou a data do IELTS (International English Language Testing System), teste de proficiência em inglês e um dos requisitos para dar entrada no processo. Um outro requisito é o cadastramento da profissão dele na ACS Australian Computer Society. Para tal, precisamos enviar cópias autenticadas de vários documentos (passaporte, diploma, histórico disciplinar, cartas dos empregadores) e das respectivas traduções para o inglês (as cartas dos empregadores o Diego já trouxe em inglês). E é a partir daí a inspiração pra esse post.

Entrei em contato com alguns tradutores da NAATI National Accreditation Authority for Translators and Interpreters, associação australiana de tradutores e intérpretes, para fazer uma pesquisa de preços. O melhor preço foi da Isabel Ruivo, aquela que traduziu a carteira de motorista do Diego assim que chegamos na Austrália. Ela mora em Sydney, não nos cobrou postagem e cobrou 20 dólares a menos que os tradutores que contatamos aqui em Melbourne. Mandei um email pra Isabel pedindo que ela então fizesse as traduções e me informasse seus dados bancários para que efetuássemos o pagamento. Ela me respondeu prontamente, dizendo que  iria providenciar as traduções naquele mesmo dia, postar no dia seguinte e enviar um recibo no qual eu encontraria os dados para efetuar o depósito bancário. Pura confiança. Agradeci a ela, recebemos as traduções dois dias após e fizemos o depósito no mesmo dia. E todo mundo ficou feliz.

O passo seguinte era autenticar as cópias de todos os documentos, inclusive das traduções. Busquei informações na internet sobre onde fazer isso e acabei descobrindo que cada região tem um respectivo conselho de defesa e proteção, responsável por fornecer diversos tipos de serviços à comunidade local.  Croydon, o subúrbio onde estamos morando, faz parte do Marroondah Council. Enviei um email para eles contando sobre a nossa necessidade e no mesmo dia recebi a informação de que um dos  serviços prestados pelos conselhos locais é o de “Justice of the Peace”, que é uma pessoa que mora na região e, entre outras funções, pode atestar a autenticidade de cópias de documentos. E o melhor, sem cobrar nem um centavo por isso. No mesmo email havia uma lista dos Justices of the Peace da região. Liguei para o local mais próximo da nossa casa. Fui atendida pela esposa do Les Wilmott, nosso JP em questão, o que já me surpreendeu, pois achei que o telefone era de um escritório comercial. Ela me informou que o marido não estava e me deu o celular dele. Liguei para ele, o qual foi muito simpático, e me disse que estaria em casa somente à noite e se esse seria um bom horário para mim. Eu disse que lógico, seria ótimo, e ele me disse que retornaria a ligação para marcar um horário, pois precisava consultar a esposa sobre um compromisso. Uma hora depois ele me liga marcando para 19:30. Fomos até a casa dele no horário marcado. Ele muito simpático, nos recebeu na sala  de estar e durante todo o tempo em que estivemos lá, quis saber de onde vínhamos e como estávamos nos adaptando. Sobre a mesa em que apoiou os documentos para atestá-los, um voil branco emoldurado em um tecido dourado e muitas estrelas bordadas no mesmo tom, especialmente colocado ali para a ocasião. Ao final de algumas dezenas de assinaturas e carimbos, agradecemos a ele, o qual respondeu que estava à disposição e que certamente nos veria de novo devido aos documentos que ainda teremos que autenticar devido ao processo de imgiração. Nos despedimos: eu e Diego agradecidos e nos sentindo respeitados e cuidados e o Les certamente  feliz por estar auxiliando a comunidade local.

No dia seguinte, recebemos aqui em casa um envelope com um kit de boas vindas enviado pelo Maroondah Council (certamente fruto do meu contato através do site deles), contendo diversas informações e livretos sobre a região, uma revista com todos os serviços comunitários prestados, um “vale 2 mudas de plantas” as quais podemos buscar pra plantar aqui em casa, uma sacola de compras de pano para evitar o uso de sacolas plásticas, e uma carta de boas vindas assinada pelos três conselheiros. Um deles é o Les Wilmott. Isso é ou não é respeito e cuidado?

 


2 Comments

  1. Rita

    estou impressionada com a cordialidade do povo australiano. desde que vc começou a relatar os fatos, os objetos na rua, as doações, a presteza dos colegas, o empréstimo do carro e a competência no atendimento dos serviços. que diferença do nosso brasil. dizem que o brasileiro é um dos povos mais solidários do mundo. eu ainda discordo. todos os dias confirmo a falta de educação e egoísmo nas ruas, nos ônibus lotados. quero morar aqui a vida toda, pois sou apegada à família. mas não posso dizer que sou patriota. quanta enrolação, falta de profissionalismo! espero que tudo continue assim pra vcs aí: respeito e cuidado!

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  2. Nina

    sim, amiga, nós tb temos ficado impressionados com o senso de respeito pelo ser humano… é bonito de ser ver… estamos realmente encantados.

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