O rio da minha vida (The river of my life)

O projeto artístico mais importante que fizemos no curso durante o ano passado foi intitulado “The River of Life”. Poderíamos escolher qualquer tipo de expressão artística a fim de representar a nossa biografia. Cada um dos períodos de 7 anos vividos por nós deveria ser de alguma forma reproduzido. Poderia ser através de um único meio artístico que envolvesse todos os setênios, ou uma arte diferente pra cada fase. Éramos totalmente livres pra escolher. Houve quem dançou, cantou, pintou, desenhou, compôs e/ou tocou músicas, escreveu poesia, preparou comidinhas, fez colagem, paper cutting, trouxe objetos pessoais, e houve quem, como eu, fez algum tipo de artesanato. Tínhamos 10 minutos pra apresentar nossa biografia em sala de aula. Éramos 42 alunos e as apresentações estenderam-se por 2 meses. Foi uma incrível e inesquecível viagem. Lindo demais ver os corações abrindo-se, ver a beleza interior revelada em nuances inesperadas, emocionar-se com as lágrimas, contidas por anos e anos, sendo enfim vertidas, lavando a alma, suavizando a tez, fazendo brilhar o ser. Tornamo-nos ainda mais cúmplices no amor que nos une.

A idéia da minha arte me acenou tranquila. Não precisei pensar muito, ela se fez. Não verti lágrimas. Essas, específicamente, já as tinha libertado quando fiz o processo. Minha apresentação foi serena, mas profunda. Contei a todos o tudo de mim em 10 minutos. Foi bonito e importante. Talvez mais importante para os outros do que pra mim. E isso não é arrogância. É a certeza de ter experiências significativas a compartilhar. É a esperança de inspirar a quem estiver aberto, assim como me inspiro em outros caminhares. Recebi lindos feedbacks ao final. E esses sim, foram muito importantes pra mim. Principalmente aqueles que vieram recheados por ‘não consigo imaginar que um dia você foi assim’. Fui assim, e continuo lapidando meu diamante interno pra poder manter o verbo no tempo passado.

Então chega de papo e vamos à arte! Meu panô biográfico nasceu a partir de coisinhas queridas que eu já tinha e de outras criadas só pra ele. Minha querida amiga Clare, quando ficou sabendo que eu ía costurar as partes à mão, fez questão de colocar a máquina de costura dela pra trabalhar. Linda demais, me ajudou muito! Meu panô está pendurado na nossa sala e é motivo de orgulho pra mim. Pela criação em si e por tudo o que ele representa. Com vocês, meu panô!

Essa flor linda foi presente da querida Pati, fazia parte de um arco de cabeça. O tecido preto é de uma camisa que ganhei de presente da Black He-Man, banda do Diego em Brasília.

Essa é a fase dos 0 aos 7 anos de idade. O preto significa abandono (literal) de pai e (emocional) de mãe. A flor representa o grande amor (pouco vivido) pelo meu pai.

O tecido veio do embrulho do presente que a linda Marcinha nos deu quando viemos pra Austrália. A flor era parte da lembrancinha de nascimento da Pilar, filhota da Ana Valéria.

Nessa fase representei 2 setênios, dos 7 aos 14, e 14 aos 21 anos de idade. As listras me representam seguindo, triste e inconscientemente, padrões de comportamento assumidos que me levaram a absorver uma pesada carga de responsabilidades. A flor é o meu Eu Superior sempre me guiando, mesmo que eu ainda não soubesse.

O tecido tirei de uma fronha que comprei numa loja de objetos usados. O coração de cristal de quartzo branco era um pingente que eu usei muito.

 

Aqui representei apenas a idade de 21 anos, quando fiz um tratamento antroposófico por 1 ano. Primeira tentativa de ganho de consciência. Simplesmente lindo.

Tudo feito pela minha avózinha amada: a linda rosa branca e o tecido de retalhinhos, que era uma bolsa.

Nessa fase, desobedeci os setênios: representei o período dos 21 aos 33 anos de idade. O tratamento antroposófico fez a menina obediente e triste das listras transformar-se nessa caótica cega profusão de cores = sexo, drogas e rock’n’roll. Porém, o mergulho interno não foi muito profundo (eu interrompi o tratamento) e a escuridão da infância insistia em não ser sufocada sob a falsa-exagerada-fugidia alegria. A rosa branca é homenagem e agradecimento ao meu Eu Superior: dei um trabalho danado pra ele.

O tecido veio de uma outra fronha comprada numa loja de usados. A flor de lótus foi 100% criada por mim.
Amo de paixão!

Essa linda (modéstia à parte) flor de lótus está representando o meu renascimento através do processo de terapia que fiz aos 33 anos de idade. Divisor de águas na minha vida. Chorei toda a escuridão da infância, expressei toda a raiva da menina obediente e sobrecarregada, compreendi e perdoei meus pais, e pela primeira vez me enxerguei inteira, livre e leve. E como o Universo é simplesmente perfeito, foi após o processo que eu e Diego começamos nossa relação. Caso tivesse sido antes, certamente não teria dado certo: eu não conseguia me relacionar nem comigo mesma, quem dirá com um potencial companheiro de vida.

O tecido foi presente da Liz. O anjo de cerâmica foi feito por mim e carrega um colar que eu usei muito e que traz a palavra “love”.
Amo, amo, mil vezes amo!

Nessa fase representei o período dos 33 anos até agora. Melhor fase da minha vida! O meu renascimento significou descobrir o meu amor por mim mesma. Amando a mim, consegui amar o outro. Amando a mim, consegui enxergar e, cada vez mais, expressar a linda luz do meu anjo interno, do meu Eu Superior. E a mensagem que recebo é sempre a mesma: faça tudo através do coração, ele tudo sabe. E foi assim, ouvindo o meu coração, que decidi mudar de profissão e vim parar na Austrália ao lado do marido mais lindo do mundo…

Meu lindinho panô biográfico!
Na sala de aula, após a apresentação. Setembro de 2010


10 Comments

  1. Rita Lopes

    fields, que triste e linda história em tecido, feita à mão!

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    • Nina

      ei fields querida, sim, foi triste durante um tempo, agora recheada de alegrias, mas sempre linda mesmo, pois a perfeição do universo é bela…. beijos e saudades

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  2. patricia

    Amiiiiiga

    como eh bom fazer parte da sua historia…te amo tanto!
    ps mais uma vez emocionada e com saudades do seu afeto fisico….

    te amo!te admiro! me inspiro!

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    • Nina

      queridaaaaaa, viu que parte linda sua flor representa? amei muito 🙂
      saudades muitas tb, amiga, sonhando com o momento de ver seu rosto lindo, ouvir suas histórias deliciosas e rir muito pra celebrar a alegria de viver!
      te amo muito muito muito!!!

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  3. tati

    lindo , lindo , lindo!!! saudades sempre! bjs!

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    • Nina

      brigadim, nega linda! saudades de vc……………………… te amo!

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  4. Gi

    estou com a tati.. lindo lindo lindo!!! maravilhoso tudo isso!!! parabéns pela vida linda e inspiradora!!

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    • Nina

      brigada, gi querida! tão bom receber amor dos amigos 🙂 beijocas e saudades……….

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  5. Renatinha

    Adorei seu relato!
    Beijo grande

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    • Nina

      beijo graaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaande, amiga cabelita linda!

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