A saga do carro

Preciso voltar um pouco no tempo, para contar sobre a saga do carro. Assim que nos vimos em St.Andrews, isolados da civilização, sem transporte público e dependendo da dona da casa para qualquer coisa, até para fazer supermercado, pois nem um centro comercial existe na redondeza, resolvemos que tínhamos que comprar um carro. Estabelecemos um valor de 2.000 dólares para a aquisição, e com isso poderíamos comprar um bom carro, pois é muito barato aqui. O esquema era o seguinte: selecionávamos os carros que queríamos ver através de um site de anúncios na internet, alugávamos um carro por um preço bem baixo e rodávamos por toda Melbourne guiados pelo nosso fiel amigo GPS, o qual compramos assim que iniciamos a saga “comprar carro”. Para comprar carro aqui e transferi-lo para o seu nome é preciso exigir o RWC (Road Worthy Certificate) e o registro junto à Vicroads, autoridade competente. O registro vale por um ano, é afixado ao vidro dianteiro do carro, e equivale ao nosso DUT brasileiro, ou seja, não é necessário andar com documento do carro na carteira. O RWC  garante que o carro está em perfeitas condições mecânicas de rodar. Eu e Diego vimos vários carros, talvez uns 15, até nos decidirmos por um Magna da Mitsubishi ano 93. O carro estava sendo vendido por um mecânico chamado Toni, natural de Israel, e ainda necessitava de alguns ajustes para a expedição do RWC. O acordo foi que ele pagaria o aluguel do nosso carro (dada a nossa urgência) até o Magna ficar pronto, o que aconteceria em uma semana. Pensem num sujeito enrolado e tripliquem. Após essa primeira semana, ele ainda nem havia começado a fazer os consertos no carro, e pediu para adiantarmos alguma grana. Confiamos nele e demos 900 dólares. Ele pediu mais uma semana. Após o fim dessa segunda semana, tudo igual, ou seja, nada de carro pronto e ele pagando o aluguel do carro que estávamos usando. Diego então pediu a grana de volta. Ele ofereceu um carro emprestado e pediu mais 1000 dólares (!). Nós já havíamos gastado tanto tempo rodando atrás de carro, que estávamos com preguiça de começar tudo de novo. Resolvemos aceitar o trato: pegamos o carro dele e demos mais 1000 dólares, mas super inseguros. Essa novela durou mais duas semanas até recebermos uma ligação do Toni dizendo que já havia agendado o horário na Vicroads para finalmente transferir o carro para o nosso nome. Diego me ligou super feliz, eu peguei uma carona com uma colega da escola até a cidade e de lá peguei um trem para encontrar com o Diego na Vicroads, crente que voltaríamos para casa no nosso carro. Que nada. O Toni havia ligado para o Diego dizendo que o carro não havia passado na vistoria do RWC, ou seja, não seria possível fazer a transferência na Vicroads. Aí Diego perdeu a paciência de vez, pegou o dinheiro de volta (graças a Deus o Toni é enrolado mas é honesto!) e resolvemos encerrar a saga carro, já que onde estamos morando agora temos acesso fácil a trem e ônibus, os quais funcionam muito bem em Melbourne – super pontuais.

 


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