(Pequenos) Mágicos e preciosos afagos de alma

Assim que entrei ontem na sala de aula, a Lynne, nossa professora de Evolução da Consciência e uma delicadeza de pessoa, estava devolvendo um livro para minha colega Alice.  O título, “Meeting  Fairies – a true story – by R. Ogilvie Crombie” (Encontrando com fadas – uma história real), chamou minha atenção e eu pensei “Como gostaria de ler esse livro!”. A nossa aula já ía começar e eu fui me sentar. No intervalo da aula, eu estava conversando com outros colegas e até já tinha esquecido das fadas, quando a Alice chegou com o livro na mão e me perguntou “Nina, você quer ler esse livro?”. Mal pude acreditar. Abri a boca numa expressão de “espantamento” (espanto + encantamento rsrs) e disse “Quero muito, Alice! Você leu meu pensamento!”. Eu a abracei, beijei, agradeci, disse que ela era uma fada encantada, ao que ela alegremente respondeu “Eu sou, Nina Balerina (é assim que ela me chama)!”. A Alice tem 61 anos, olhos azuis vivazes, apetite por conhecimento, corpo biológico saudável e ativo, sabedoria na alma e acredita em fadas. Eu também acredito.

Na tarde desse mesmo dia eu e Manda estávamos limpando o jardim de infância, quando lá chegou a Claire, professora substituta (a professora oficial, Hanna, esteve afastada essa semana devido a uma gripe). Nós ainda não havíamos sido apresentadas à Claire e foi uma ótima oportunidade para um rápido bate papo. Ao despedir-se ela disse “Obrigada pelo belo trabalho que vocês estão fazendo aqui. O jardim de infância está brilhando de tão limpo!”.  Eu e Manda ficamos tão felizes com o elogio!! A felicidade que particularmente eu senti, foi a mesmíssima que já experimentei  várias vezes ao receber elogios sobre minuciosos relatórios orçamentários e financeiros que elaborei ao longo de alguns anos. E essa agradável sensação me confirmou a importância de desempenhar qualquer tarefa com amor e desvelo, sempre. Não importa o que quer que você esteja fazendo (amor, cozinhando, estudando, ouvindo música, observando o pôr-do-sol, tricotando, esperando ônibus, em pé na fila do banco): seja amor!

Manda e eu! Ela é um doce de menina e veio da Indonésia também com o marido só pra fazer o curso.

O jardim de infância

Outro ângulo 🙂

O altar cuidadosamente enfeitado pelas professoras (sempre com belas e cheirosas rosas colhidas do próprio jardim)


Mais sincronicidades

O Universo é perfeito. Há alguns anos atrás (mais especificamente 6 anos)  eu repetia essa frase pra mim mesma querendo acreditar na sua veracidade, querendo ver isso tornar-se realidade na minha vida. Hoje (e já há um bom tempo, talvez 4 anos) eu e Diego repetimos essa frase confirmando essa perfeição em diversos acontecimentos das nossas vidas, de corriqueiros a significativos. E sempre que percebemos alguma sincronicidade, nos surpreendemos como se fosse a primeira vez – e agradecemos ao Universo, sempre! Esse mês de abril nos brindou  com mais algumas confirmações.

Quando deixamos o Brasil há quatro meses atrás, o carro do Diego ainda não tinha sido vendido, apesar de esforços terem sido feitos nesse sentido (anúncios em jornal, cartaz no carro, e a mágica lista de distribuição virtual da Joana). A Vilma, minha sogrinha linda, estava administrando isso pra nós durante todo esse tempo, com a boa disposição de sempre.  Ela nos dizia que algumas pessoas chegavam a ligar, mas ninguém ía ver o carro. Durante um tempo não nos preocupamos com isso pois tínhamos uma reserva de dinheiro. Essa reserva vem sendo utilizada pra vários fins e quando abril deu o ar da graça “decidimos” que precisávamos vender o carro até o fim do mês. E a decisão vem entre aspas pois foi resultado de uma conversa com o seguinte teor: apesar do insucesso dos meses antecedentes, tínhamos certeza que ele seria vendido em abril porque precisávamos do dinheiro. Simples assim, sem ansiedades, lançamos a necessidade ao Universo, confiamos na perfeição e esperamos. O dinheiro da venda entrou na nossa conta hoje, dia 29, um dia antes do mês acabar. Perfeito!

A outra grande sincronicidade desse mês foi linda também! Assim que entrei de férias da escola no início de abril, eu comecei a procurar outro emprego, pois precisava complementar o salário que recebo limpando o jardim de infância. Espalhei vários currículos em lojas e cafés daqui de Croydon e de um shopping bem próximo, e também fiz algumas aplicações pela internet. Não recebi nenhuma ligação, nadica de nada. Na última semana de férias resolvi deixar mais alguns currículos aqui em Croydon, em lugares onde ainda eu não tinha ido. Um deles é um café muito charmoso chamado Bekendales, o qual sempre me chamou a atenção, mas que eu achava pequeno e, portanto, sem demanda para novas garçonetes. Nesse dia eu passei na porta mais uma vez, olhei lá para dentro e não entrei, como das outras vezes. Mas algo me fez voltar atrás. Entrei. O dono, Dale, que é um australiano simpaticíssimo, cabelo dread lock louro comprido, piercings, e uma energia pra lá de boa, foi super atencioso, perguntou se eu morava no bairro, e disse que iria dar uma olhada no currículo. Dois dias após eu e Diego estávamos indo a uma loja de artigos de segunda mão comprar mais uma cadeira (6 dólares) e encontramos com o Dale na frente do café.  Eu fui logo perguntando se ele tinha tido oportunidade de olhar meu currículo, ele disse que sim e que estava pensando em contratar alguém para trabalhar nos fins de semana e se eu estaria disponível. Eu disse que adoraria e ele ficou de conversar com a esposa e sócia dele, Bek, e me retornar. No dia seguinte eu fui lá conversar com eles. Assim que eu cheguei os dois únicos clientes estavam acabando de pagar a conta, e o café ficou vazio. Eles me disseram que era incomum tal calmaria àquela hora do dia, ao que eu respondi que o Universo havia aberto uma “bolha” energética especialmente pra nós conversarmos. O Dale morreu de rir e disse “é, vai ver que assim que terminarmos, vão entrar vários clientes!” e eu “pode ter certeza que sim!”. Nossa conversa foi ótima, e já ficou acertado que eu começaria a trabalhar dali a três dias, que foi a sexta-feira passada. Assim que nós terminamos de conversar, eles me deixaram à vontade para terminar de tomar o café que haviam me oferecido, e começaram a entrar clientes. Foi impressionate! Eu terminei de tomar meu café, fui me despedir deles e o Dale me disse sorrindo “Incrível essa bolha do Universo!” 🙂 Enfim, comecei a trabalhar lá, o ambiente é ótimo, fica a apenas 10 minutos de caminhada daqui de casa, e estou muito feliz! E descobri  porque esse emprego só surgiu no fim da semana passada: para que eu pudesse descansar  durante minhas três semanas de férias, acordar tarde, terminar meu blog, curtir meu marido lindo, fazer comidas gostosas, terminar minha peça de cerâmica, ler bastante, assistir filmes, curtir um ócio criativo! Meu guia espiritual é sábio demais.


Sopa de feijão da Vovó Mirinha (na versão Nina e Di)

Aquele veranico da semana passada já acabou e o frio aos poucos começa a voltar. E nada melhor que uma sopa bem quentinha pra curtir dias frios. Minha vó Mirinha é um primor na cozinha. Eu amava quando ela fazia essa sopa de feijão preto, que é simples e saborosíssima, bem mineirinha. E decidi fazer pra o Diego experimentar pois ele não conhecia. Como eu nunca tinha feito, liguei pra minha linda vozinha lá em Governador Valadares, interior de Minas Gerais, pra pegar a receita e matar saudades. Tenho falado muito com ela e é sempre especial, pois a amo tanto!

A receita dela leva apenas feijão preto, arroz e couve, e é de comer babando! Mas a pedido do Diego, que é um carnívoro assumidíssimo, eu acrescentei linguiça calabresa e ficou……. não tenho palavras pra descrever, só fazendo pra experimentar. Mas se você não come carne, a linguiça é completamente dispensável, prometo – eu comi a minha vida inteira sem linguiça e nunca consegui comer apenas dois pratos! E se você também ama carne, por favor acrescente a linguiça 🙂

Vamos à receita:

1) Feijão preto com o caldo do cozimento batido no liquidificador – minha avó me ensinou a usar folhas de louro pra cozinhar o feijão, confere um sabor delicioso; mas tire as folhas de louro antes de liquidificar e confira o sal.
2) Refogue cebola e alho no azeite de oliva (eu amo ambos, e pus bastante) e se for usar a linguiça, essa é a hora de botar a bichinha na brincadeira; deixe tudo ficar bem douradinho.
3) Acrescente o arroz cru no refogado (eu usei uma xícara de feijão cru pra uma de arroz cru e foi suficiente pra eu e Diego comermos duas vezes, e olha que o Diego comeu quatro pratos no primeiro dia!), junte o feijão batido e deixe o arroz cozinhar nessa mistura; vá acrescentando água à medida que for necessário, pois afinal de contas é uma sopa e precisamos de caldo, mas um caldo grossinho, consistente – caldo ralo nem pensar, mineiro nem sabe o que é isso, né vó! Mexa de vez em quando pra evitar que grude no fundo da panela.
4) Quando o arroz estiver cozido e o caldo bem consistente, acrescente a couve rasgada – eu coloquei quase um maço inteiro pois amo couve; e não pique essa delícia de verdura, apenas rasgue em pedaços médios. Assim que a couve estiver macia (vapt vupt!), sua sopa está pronta!
5) Enquanto a sopa estiver estiver no fogo, ligue o forno, deixe ele bem quente pra receber fatias de pão ciabata ou francês pincelados com azeite de oliva – deixe no forno até dourar.
6) Sirva sua sopa com as fatias de pão e espere os elogios que certamente virão!

Beijos e depois me conte!

 

Fazendo a sopa e já com água na boca

 

Tomamos vinho tinto – olha nós na base da taça 🙂

 

E a estrela principal da noite – nham!


Ron Mueck

Há um bom tempo atrás (não lembro quando, talvez uns dois anos) eu e Diego recebemos um email com fotos das esculturas do Ron Mueck. Lembro que eu fiquei muito impressionada e pensei “gostaria tanto de um dia poder ver essas esculturas ao vivo…”. Pois bem, no dia da Austrália (26 de janeiro)  estávamos passeando por Melbourne e passamos em frente à NGV National Gallery of Victoria. Mal pudemos acreditar quando lemos no gigantesco cartaz “Ron Mueck Exhibition”!! Na mesma hora entramos na galeria mas já eram mais de 5 da tarde, horário em que eles fecham. Mas tínhamos muito tempo hábil já que a exibição iria até  abril (nossa, como o tempo passou rápido!).  Nesse mesmo dia já em casa, pesquisamos sobre ele e descobrimos que ele é de Melbourne  – incrível sincronicidade!

O tempo foi passando, voltamos à cidade algumas vezes, mas nunca dava pra ver a exibição. Até que nesse último domingo me deu um estalo interno e eu entrei na internet pra ver até quando estaria em cartaz… e aquele era o último dia! Agradeci taaaanto ao meu guia espiritual que me deu esse cutucão 🙂 Eram 11 da manhã, ou seja, tínhamos tempo de sobra. Apesar de estarmos tentando economizar grana  até que consigamos outros empregos (tivemos que pagar três meses de aluguel adiantado, a caução do aluguel, e o meu curso, ou seja, nossa conta bancária anda meio murchinha), confiantes na Sabedoria Infinita, decidimos que o Ron Mueck era um gasto que valia a pena, não dava pra perder, pois não sabíamos quando (e se) teríamos essa chance novamente. Ligamos pra Rachelle e pra Vivian, aquela australiana e essa paulistana, e, muito felizes, pegamos o trem pra NGV. O dia prometia: após o Ron Mueck, Diego iria fazer o segundo show com a Soul Deep em St.Kilda, um bairro litorâneo e bem charmoso de Melbourne.

Eu, Rachelle e Diego chegamos à NGV por volta de 3 da tarde e ficamos esperando pela Vivian. Havia uma fila imensa de admiradores de última hora, como nós. Enquanto esperávamos pela Vivian (que estava indo de bike) eu fiquei conversando com o Charlie, segurança da NGV. Perguntei se poderíamos comprar o bilhete pra Vivian e entrar e sair pra entregar pra ela, se poderíamos fotografar (Diego tirou fotos fantásticas!), quanto tempo ele achava que gastaríamos para ver a exibição (pra saber até quando dava pra esperar a Vivian), ou seja, enchi o Charlie de perguntas, e ele muito simpático, respondeu a todas com calma, educação e bom humor.

Assim que a Vivian nos deu o sinal verde “não esperem mais por mim”, fomos pra fila comprar as entradas, ansiosos. Eu mal conseguia me conter de tanta expectativa e felicidade em poder realizar um sonho despretensiosamente lançado ao Universo há tanto tempo atrás. Até que a fila andava rápido e íamos nos distraindo conversando sobre tudo – a Rachelle é uma simpatia de pessoa! Qual não foi nossa surpresa quando aparece o Charlie, que nos encontrou em meio a mais de cem pessoas, me chama com um largo sorriso no rosto e me diz “Come with me, forever!”. Eu só respondi “Sure!” olhei pra Diego e Rachelle com um sorriso de surpresa no rosto, e fomos atrás do Charlie, obedientes que somos, e torcendo para que o “forever” se referisse a largar a fila para sempre. Ele nos levou até a entrada da galeria e nos disse “Aqui começa a exposição. Aproveitem!”. Não pudemos acreditar: Ron Mueck de graça e sem precisar enfrentar fila! Agradecemos muito ao Charlie, eu disse a ele que ele era um anjo. Ele disse “Sim eu sou mesmo!” com o mesmo sorriso acolhedor. E para mim ele foi mesmo um anjo, que nos deu esse presente, o qual eu considerei como um sinal do Universo nos dizendo “Confiem. Tudo é perfeito. Continuem fazendo a parte de vocês… novos empregos estão a caminho. Vocês não estão desamparados. E, enquanto isso, aproveitem o Ron Mueck!”. E foi o que fizemos. Nos despedimos do Charlie, e entramos na galeria nos entreolhando boquiabertos com o nosso presente! Rachelle acha que ele gostou do meu perfume 🙂 E a Vivian infelizmente perdeu a exibição: ela até chegou a pegar a fila, mas eles pararam de vender ingressos a partir de um determinado horário.

As peças do Ron Mueck são indescritíveis – qualquer palavra é vã. São feitas de fibra de vidro (pasmem!) e são perturbantemente hiper realistas. A perfeição não é apenas física, as esculturas também transmitem estados emocionais. Eu prefiro não falar muito, pois corro o risco de diminuir tamanha genialidade e sensibilidade. Enjoy the trip.

 

 

Após a exibição, encontramos com a Vivian e fomos pra St. Kilda, onde o Diego tocou pela segunda vez com a Soul Deep. O show foi ótimo (o repertório é fantástico) mas eu nem dancei muito, acho que ainda estava inebriada pela atmosfera do mundo do Ron Mueck…

Na estação de metrô – uma escada enooooorme

 

No caminho pra St.Kilda 1

 

No caminho pra St.Kilda 2

 

 

Eu e Vivian depois do show – olha a minha cara de “extasinebriada” pelo Ron

 

No metrô voltando pra casa, felizes da vida e cansados 🙂


Confiança, respeito e cuidado

Começamos a nos movimentar em direção ao processo de visto permanente. Diego será o aplicante principal já que a profissão dele está na Critical Skills List do Departamento de Imigração da Austrália (o que  confere prioridade no processamento) e é mais novo que eu (o que confere mais pontos  para atingimento do mínimo necessário para a aplicação). Eu entrarei no mesmo processo como companheira dele. Ele já marcou a data do IELTS (International English Language Testing System), teste de proficiência em inglês e um dos requisitos para dar entrada no processo. Um outro requisito é o cadastramento da profissão dele na ACS Australian Computer Society. Para tal, precisamos enviar cópias autenticadas de vários documentos (passaporte, diploma, histórico disciplinar, cartas dos empregadores) e das respectivas traduções para o inglês (as cartas dos empregadores o Diego já trouxe em inglês). E é a partir daí a inspiração pra esse post.

Entrei em contato com alguns tradutores da NAATI National Accreditation Authority for Translators and Interpreters, associação australiana de tradutores e intérpretes, para fazer uma pesquisa de preços. O melhor preço foi da Isabel Ruivo, aquela que traduziu a carteira de motorista do Diego assim que chegamos na Austrália. Ela mora em Sydney, não nos cobrou postagem e cobrou 20 dólares a menos que os tradutores que contatamos aqui em Melbourne. Mandei um email pra Isabel pedindo que ela então fizesse as traduções e me informasse seus dados bancários para que efetuássemos o pagamento. Ela me respondeu prontamente, dizendo que  iria providenciar as traduções naquele mesmo dia, postar no dia seguinte e enviar um recibo no qual eu encontraria os dados para efetuar o depósito bancário. Pura confiança. Agradeci a ela, recebemos as traduções dois dias após e fizemos o depósito no mesmo dia. E todo mundo ficou feliz.

O passo seguinte era autenticar as cópias de todos os documentos, inclusive das traduções. Busquei informações na internet sobre onde fazer isso e acabei descobrindo que cada região tem um respectivo conselho de defesa e proteção, responsável por fornecer diversos tipos de serviços à comunidade local.  Croydon, o subúrbio onde estamos morando, faz parte do Marroondah Council. Enviei um email para eles contando sobre a nossa necessidade e no mesmo dia recebi a informação de que um dos  serviços prestados pelos conselhos locais é o de “Justice of the Peace”, que é uma pessoa que mora na região e, entre outras funções, pode atestar a autenticidade de cópias de documentos. E o melhor, sem cobrar nem um centavo por isso. No mesmo email havia uma lista dos Justices of the Peace da região. Liguei para o local mais próximo da nossa casa. Fui atendida pela esposa do Les Wilmott, nosso JP em questão, o que já me surpreendeu, pois achei que o telefone era de um escritório comercial. Ela me informou que o marido não estava e me deu o celular dele. Liguei para ele, o qual foi muito simpático, e me disse que estaria em casa somente à noite e se esse seria um bom horário para mim. Eu disse que lógico, seria ótimo, e ele me disse que retornaria a ligação para marcar um horário, pois precisava consultar a esposa sobre um compromisso. Uma hora depois ele me liga marcando para 19:30. Fomos até a casa dele no horário marcado. Ele muito simpático, nos recebeu na sala  de estar e durante todo o tempo em que estivemos lá, quis saber de onde vínhamos e como estávamos nos adaptando. Sobre a mesa em que apoiou os documentos para atestá-los, um voil branco emoldurado em um tecido dourado e muitas estrelas bordadas no mesmo tom, especialmente colocado ali para a ocasião. Ao final de algumas dezenas de assinaturas e carimbos, agradecemos a ele, o qual respondeu que estava à disposição e que certamente nos veria de novo devido aos documentos que ainda teremos que autenticar devido ao processo de imgiração. Nos despedimos: eu e Diego agradecidos e nos sentindo respeitados e cuidados e o Les certamente  feliz por estar auxiliando a comunidade local.

No dia seguinte, recebemos aqui em casa um envelope com um kit de boas vindas enviado pelo Maroondah Council (certamente fruto do meu contato através do site deles), contendo diversas informações e livretos sobre a região, uma revista com todos os serviços comunitários prestados, um “vale 2 mudas de plantas” as quais podemos buscar pra plantar aqui em casa, uma sacola de compras de pano para evitar o uso de sacolas plásticas, e uma carta de boas vindas assinada pelos três conselheiros. Um deles é o Les Wilmott. Isso é ou não é respeito e cuidado?

 


Amor

Acabei de despedir do meu amor, ele foi para a cidade fazer uma entrevista de emprego. Antes da partida, ele se arrumando apressado devido a um outro compromisso de última hora, e eu arrumando as coisas dele com muito carinho. Na bolsa dele coloco duas maçãs e uma mexerica, os óculos de sol, a carteira, uma caneta bonita (caso ele precise usar na entrevista de emprego), os documentos que ele vai precisar em uma impecável capa de plástico, anotações sobre como chegar no local da entrevista com “boa sorte! love u!” e dois corações ao final das anotações, e muito amor.

Ele pede minha opinião sobre a roupa e concordamos sobre algumas alterações. Assim que ele está lindo e pronto, mostro pra ele tudo o que coloquei na bolsa, ele sorri agradecido e me beija.

Nos despedimos com outro beijo e o meu desejo de boa sorte.

Enquanto ele caminha em direção à rua eu sigo olhando-o da varanda, emocionada com o tamanho e a pureza do amor que sinto por ele, e ainda grito “Arrasa lá meu amor, vai dar tudo certo!”. Ele vira e sorri, feliz e confiante.

Ele passa pela caixa de correio, vê que tem correspondência, faz um gesto para eu ir lá pegar, acena tchau mais uma vez e sai do meu campo de visão.

Vou correndo até a rua para vê-lo mais uma vez. Grito “Te amo amor!”. Ele vira e mais uma vez me dá aquele belo sorriso.

Pego a correspondência e volto pra casa flutuando.

 


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